A doação de órgãos pode ser realizada em vida no caso de órgãos duplos ou após morte encefálica. O transplante visa restabelecer as funções orgânicas em pessoas que apresentam comprometimento, declínio ou paralisação de um órgão. O Brasil é considerado o segundo maior país em número de transplantes do mundo e conta com um sistema público de saúde integral e gratuito que garante a realização de exames preparatórios, cirurgia e acompanhamento ambulatorial pós-transplante. Contudo, o número de doadores é inferior à demanda, o que justifica a utilização de órgãos de pessoas idosas, com a premissa de beneficiar o recetor. Este estudo deteve como objetivo identificar a contribuição das pessoas idosas para a realização de transplantes de órgãos no Brasil. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo e abordagem quantitativa, realizado em fevereiro de 2023, a partir de dados secundários publicados de janeiro/2020 a dezembro/2022 pela Associação Brasileira de Transplantes. Identificou-se a realização de 9.043 transplantes de órgãos sólidos no triênio, dos quais 1.260 com doações de pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, dos quais 404 (12,0%) em 2020, 394 (12%) em 2021 e 462 (13,0%) em 2022. O aumento da expectativa de vida da população brasileira e das condições sanitárias vem consolidando a inclusão de pessoas idosas como doadoras efetivas de órgãos no Brasil. Essa contribuição favorece a redução do tempo de permanência na fila de espera por um órgão, amplia as chances de sobrevivência e melhora a qualidade de vida de quem necessita de transplante de órgãos.