Objetivou-se analisar os fatores associados ao atraso no início do tratamento de crianças e adolescentes com tumores de SNC submetidos ao tratamento nos hospitais de referência da Paraíba, Brasil no período de 2010 a 2019, por meio dos dados disponíveis nos Registros Hospitalares de Câncer (RHC). Trata-se de um estudo de corte histórico, analítico e com abordagem quantitativa, sendo a amostra composta por 115 registros. As variáveis selecionadas foram classificadas em demográficas, clínicas e de tratamento. O desfecho de interesse correspondeu ao tempo para início do tratamento, categorizado nos intervalos ≤ a 60 dias e > que 60 dias. Os dados foram analisados mediante estatística descritiva e inferencial pela análise de sobrevida, método de Kaplan-Meier e regressão de Cox, considerando p-valor<0,05 A idade média das crianças e adolescentes foi de 9 anos (±5,22), sendo a maioria no sexo feminino 53,0% (n=61) e com cor de pele parda 65,4% (n=70). O intervalo de tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento ocorreu conforme a lei em 59,3% (n=67) dos casos. Na regressão de Cox, as variáveis associadas ao desfecho foram a localização primária do tumor ser no cerebelo (HR=3,1462; IC95%=1.346358- 7.3521), ter como base mais importante para o diagnóstico a histologia/marcadores tumorais (HR=0,0188; IC95%=0.001138-0.33105) e os exames por imagem (HR=0.0221; IC95%= 0.001101-0.4434). Conclui-se que um número expressivo de pacientes ultrapassou o tempo estabelecido por lei. Os casos cuja localização primária do tumor está no cerebelo apresentam maior risco de iniciar o tratamento após 60 dias. Em contrapartida, aqueles cuja base mais importante para o diagnóstico foi pela histologia/marcadores tumorais e pelos exames por imagem possuem menor risco do tratamento ser iniciado em um tempo superior ao previsto na lei.