INTRODUÇÃOO câncer do colo uterino é o segundo tipo de câncer mais comum no sexo feminino e, com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo, é o responsável pelo óbito de até 250 mil mulheres/ano, sendo que 80% dos casos acontecem em países subdesenvolvidos (1) , permanecendo como um dos maiores problemas de saúde pública em países em desenvolvimento, especialmente na América Latina e no Caribe (2) . Apesar de essa doença ser passível de prevenção, os esforços coletivos para implementar programas de rastreamento ainda não têm reduzido, com sucesso, a mortalidade pela doença, principalmente na região das Américas (2) . No século passado, o câncer do colo do útero era o líder de mortalidade entre mulheres nos Estados Unidos da América. Este índice tem demonstrado uma redução de 50% nos últimos 20 anos. Isso se deve, em grande parte, aos efetivos programas de rastreamento com citologia oncótica e ao tratamento das suas lesões precursoras (3) . Em contrapartida, a América Latina e o Caribe têm, ainda hoje, uma das mais altas taxas de incidência e de mortalidade do mundo (2) . O câncer do colo uterino ainda é um problema de saúde pú-blica também no Brasil, sendo o segundo câncer mais prevalente na mulher brasileira, com uma incidência de 18.430 casos novos ao ano e 4.800 mortes/ano, sendo suplantado apenas pelo câncer da mama (4) . Apesar de o Brasil ser considerado, hoje, a oitava economia do mundo, seus investimentos em saúde continuam sendo objetivos não prioritários e, consequentemente, a cada minuto, morrem muitas mulheres devido ao diagnóstico tardio desse tipo de câncer, mesmo ele sendo passível de prevenção com medidas simples e baratas.Sua incidência e mortalidade estão relacionadas à pobreza, à dificuldade de acesso aos serviços de saúde, à vivência em área rural e ao baixo nível socioeducacional, fazendo com que mais de 600 mulheres morram todos os dias, principalmente em países em desenvolvimento (2) . A incidência desse tipo de câncer torna-se evidente na faixa etária compreendida entre 20 e 29 anos e o risco aumenta rapidamente até atingir seu pico, na faixa etária entre 45 e 49 anos (4) . Para o surgimento deste tipo de câncer é necessária a presença da infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV). Outros fatores que contribuem para a etiologia desse tumor são o tabagismo, a baixa ingestão de vitaminas, a multiplicidade de parceiros, a iniciação sexual precoce e o uso de contraceptivos orais (4) . A descoberta das lesões precursoras e uma logística adequada para seu tratamento, além de medidas abrangentes para a prevenção da infecção pelo HPV, podem ser o caminho mais adequado para atingir um objetivo maior: evitar a morte prematura de tantas mulheres.Programas de rastreamento baseados na citologia oncótica têm sido introduzidos em muitos países. Quando os mesmos são organizados de forma que o rastreamento consiga abranger mulheres na faixa etária de risco, promovendo o seguimento e tratamento ade-
RESUMOO câncer do colo uterino é o segundo tipo de câncer mais comum no sexo feminino, sendo r...