O nascimento de um filho marca uma fase de transição do ciclo vital da família e exige um conjunto de adaptações, preocupações e responsabilidades. A parentalidade inicia-se ainda durante a gravidez, período em que os pais desenvolvem expetativas, idealizam o bebé (imaginário) e projetam um futuro em conjunto. No entanto, o parto prematuro contribui para a separação do recém-nascido dos seus pais, conduzindo assim a sofrimento e sentimentos de culpa, depressão, ansiedade e medo relacionados com a sobrevivência do recém-nascido. Todos estes sentimentos constituem uma fonte de stress para os pais e um adiamento do processo de vinculação, onde existe maior risco de alteração do papel parental e da parentalidade. Foi realizada uma revisão narrativa da literatura, com recurso às bases de dados PubMed, Web of Science e CINAHL através do método de pesquisa boleano, com a aplicação dos descritores DeCS/MeSH, tendo sido analisados seis artigos publicados entre 2018 e 2023. Da literatura analisada pôde aferir-se que a maioria dos pais vivenciam o nascimento de um recém-nascido prematuro como um momento de crise e de vulnerabilidade familiar, uma vez que as fragilidades destes bebés têm consequências no processo de adaptação familiar, influenciando a ligação mãe/pai-filho e a vinculação. A prematuridade parece estar associada a um atraso na transição para a parentalidade, uma vez que os bebés são inicialmente cuidados pela equipa de enfermagem, e o internamento é visto como uma barreira ao desempenho do seu papel parental.