2018
DOI: 10.1590/0100-85872018v38n2cap08
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Fazendo orixás: sobre o modo de existência das coisas no candomblé

Abstract: Resumo: Este trabalho tenta refletir sobre o modo como as “coisas” são feitas no universo do candomblé. Para isso, parto de uma etnografia realizada na oficina de José Adário dos Santos, mais conhecido como Zé Diabo, sobre a produção das chamadas ferramentas de orixás, artefatos de metal que se tornam - ou são preparados para - entidades das religiões de matriz africana no Brasil (Orixás, Exus, Voduns, Inquices, Caboclos etc.). Ao acompanhar os distintos processos de feitura dessas ferramentas, busco explora… Show more

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“…A relação descrita entre o fiel, o ser transcendente e a substância reflete uma situação de amizade entre o orixá e o fiel, de modo a fortalecê-lo para resistir às tentações relacionadas às drogas. Essa relação, no candomblé, intensifica-se a partir da iniciação, que é definida como um recurso terapêutico, cujo objetivo é possibilitar ao indivíduo artifícios para lidar com questões do seu cotidiano (MARQUES, 2018).…”
Section: Discussão E Resultadosunclassified
“…A relação descrita entre o fiel, o ser transcendente e a substância reflete uma situação de amizade entre o orixá e o fiel, de modo a fortalecê-lo para resistir às tentações relacionadas às drogas. Essa relação, no candomblé, intensifica-se a partir da iniciação, que é definida como um recurso terapêutico, cujo objetivo é possibilitar ao indivíduo artifícios para lidar com questões do seu cotidiano (MARQUES, 2018).…”
Section: Discussão E Resultadosunclassified
“…Ao acompanhar a produção de ferramentas para entidades do candomblé (espadas, correntes, bigorna, enxada) e suas feituras nos assentamentos, Marques (2018) argumenta, dentre outras coisas, que na religião importa menos a "substância em si" dos elementos do que as forças que são ativadas pelas formas. Ou seja, as forças importam e, assim, tais forças que perpassam os artefatos necessitam ser canalizadas, feitas, cuidadas por meio de rituais a fim de que sejam atualizadas.…”
Section: A Materialidade Nas Comunidades-terreirounclassified
“…Nesse sentido, pensando que vida é menos propriedade do que relação (Rabelo, 2015), que há certa concretude da/na religiosidade afro-brasileira (Anjos, 2006) e que os fluxos de energias são forças que perpassam as coisas (Marques, 2018), pode-se dizer que, no que concerne à homenagem em questão, os Barquinhos de Iemanjá são materialidades feitas e que fazem, bem como evocam e presenciam as entidades, conduzindo, assim, axés. Para tornar isso possível, tal como apresentado, precisa-se de corpos seguindo preceitos religiosos desde o início dos preparos; dos ensinamentos na/da comunidade-terreiro; da seriedade no momento de montar um arranjo; do silêncio e da atenção para o preparo dos barcos; dos distintos elementos em azul e branco e, inclusive, de uma atenção aos fazeres na finalização dos Barquinhos, pois se está fazendo vida.…”
Section: A Materialidade Nas Comunidades-terreirounclassified
“…Certamente, como indica Marques (2018), interessa focar no modo como pessoas, deuses e coisas emergem mutuamente em suas relações sociais, sem reduzir as práticas diferentes a meras "curiosidades primitivas", "crenças" ou a modelos explicativos baseados no regime de enunciação e validade judaico-cristão. Trata-se, nos termos do autor, da emergência pragmática de respeito e empatia que esteja atenta ao que as pessoas das religiões africanas "dizem e fazem", levando a sério suas palavras e práticas, concedendo-lhes espaço para que suas vozes sejam ouvidas, garantindo-lhes o respeito e a visibilidade que lhes são negados.…”
Section: Discursividades E-issn 2594-6269unclassified
“…Por essa via, os elementos mobilizados em Missa da Meia-Noite aludem a tensões e temores que algumas crenças, entendidas como seitas profanas, instigam no espaço social pelo desconhecimento de seus saberes, valores e tradições. Como defende Marques (2018): "Entre o suposto vão que separa os domínios do Sagrado e do Profano, há uma série de mediações e agenciamentos que envolvem pessoas, lugares, deuses e coisas" (MARQUES, 2018, p. 222).…”
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