Neste trabalho pretende-se discutir a presença das mulheres em posições de poder, assumindo a necessidade de uma articulação da psicologia com as teorias feministas e com perspectivas de cidadania. Depois de uma breve referência aos trabalhos sobre mulheres em posições de liderança, apresentam-se as posições de diferentes posicionamentos feministas relativamente à questão da representação das mulheres na política e na liderança em geral. Por fim, apresentam-se os discursos de algumas mulheres que já se encontram nesses lugares, conseguidos através da análise de entrevistas em profundidade. Da análise efetuada argumenta-se pela a necessidade de maior discussão dessa problemática, desenfatizando as características psicológicas associadas ao gênero como argumentos para a representação política, assumindo a participação em si mesma como fulcral.Palavras-chave: Mulheres, Liderança, Discursos, Feminismo, Poder.
The Discourses of women in power positionsThis study intends to discuss women's presence in a place of power, stating a need to articulate psychology with feminist theories and with citizenship perspectives. Following a brief reference to work about women in leadership positions, different feminist views inherent to women's representation in politics and in leadership in general will be presented. Finally, through the presentation of in depth interviews, the discourses of some women that already occupy these positions are shown. Further discussion is of utmost importance seeing that our interpretation suggests that the psychological characteristics linked to gender mustn't be the core of the reasoning for political representation but participation per se.Keywords: Women, Leadership, Discourses, Feminism, Power.
Introduçãoom a entrada da mulher no mundo de trabalho e as revoltas sociais em favor da igualdade social, a discriminação sexual da mulher deveria desaparecer, já que homens e mulheres se encontravam cada vez mais unidos por um determinado modelo de sociedade.
CNo entanto, depois de décadas de lutas feministas e da inegável evolução nas condições de vida de muitas mulheres, é evidente que o seu acesso a posições de liderança ou de poder nas inúmeras organizações de diferentes domínios ainda não é um fato e a possibilidade de mudança nesse sentido, pouco segura. "A realidade actual indica (...) que a mudança estrutural representada pela entrada das mulheres de diferentes classes sociais nos diversos sectores do mundo do trabalho, não é suficiente para alterar a função da mulher na família, nem dá necessariamente origem a uma mudança na sua condição social" (Amâncio, 1989, p. 33).Apesar das mulheres representarem cerca de 40% da população ativa no mundo ocidental, elas continuam a ser uma minoria nas posições de gestão e na política, sendo praticamente invisíveis nas posições de topo (Pallarés, 1993;Powell, 1993).