INTRODUÇÃOE m Portugal, o período entre 1970 e 1980 marcou o início e a institucionalização de políticas públicas promotoras dos direitos das mulheres e da igualdade entre mulheres e homens, e, portanto, da sua representação descritiva e substantiva. É por isso um período cuja aná-lise se revela extremamente importante dado o alcance das transformações legislativas, institucionais, políticas e sociais sobre a situação das mulheres e da igualdade, num contexto global de modernização e democratização. Como venho me referindo em outros trabalhos (Monteiro, 2010a(Monteiro, , 2011a, naquela década eliminou-se a discriminação de gênero da legislação, iniciou-se o compromisso internacional com a agenda da igualdade, e criou-se não apenas um, mas dois mecanismos oficiais para a igualdade entre mulheres e homens. Se a produção de um quadro legal e institucional democrático e antidiscriminatório se materializou após 1976, através da nova Constituição, as suas origens encontram-se antes dessa data, em 1970, ainda no período marcelista, naquilo que podem ser consideradas as primeiras manifestações, embora incipientes, do "feminismo institucional" (ibidem).
841* Este artigo é parte de uma pesquisa mais ampla de doutoramento sobre o fenômeno do feminismo de Estado em Portugal, que se beneficiou do apoio da Fundação para a Ciên-cia e Tecnologia (FCT).