Desde o começo da arquitetura ocidental, fundada no classicismo grego, o arquiteto não fez edifícios, mas produziu representações do edifício que possibilitaram sua construção. Assim, a separação histórica entre o ato de pensar e o de construir arquitetura, batizada por Mario Carpo de paradigma Albertiano, estabeleceu as bases do que entendemos hoje como projeto – uma atividade informacional cujos processos passariam a ser definidos por uma gama específica de tecnologias culturais e de mídia disponíveis em cada momento histórico. Uma vez estabelecida a reciprocidade entre representação e construção, os desdobramentos desse paradigma se estendem para além das representações gráficas, intervindo também na maneira de conceituar e de produzir arquitetura. Com a virada digital a partir dos anos 1990 e mais intensamente na década de 2010, a fusão entre artefatos de representação – concepção – construção em modelos digitais impõe métodos inteiramente novos à disciplina e o Paradigma Albertiano começa a retroceder depois de cinco séculos de hegemonia. Esse artigo procura apresentar as linhas gerais de três aspectos dessa síntese digital contemporânea: o fim da compressão de dados dos desenhos bidimensionais em favor dos modelos de informação (data models); a ampliação da janela perspéctica para a visualização imersiva da realidade virtual; e, a construção just-in-time, direto dos computadores para os braços robóticos.
Palavras-chave: representação, computação gráfica, fabricação digital, realidade virtual