Este ensaio teve como objetivo refletir sobre como o Programa Sócio Torcedor, instrumento de obtenção de receitas utilizado por muitos clubes de futebol, tem potencial para segregar socialmente os espaços dos estádios de futebol ao estabelecer preferências para alguns torcedores em detrimento dos demais. No Brasil, essa segregação pode ser ainda mais impactante do que em outros contextos em virtude da forte desigualdade socioeconômica existente no país. Percebeu-se que o processo de modernização do futebol implicou em diversas mudanças nesse meio, desde alterações estruturais nos estádios à mercantilização e elitização desse esporte, que passou a ser acessado principalmente por pessoas com maior renda, alterando os sentidos e as formas de se torcer. A literatura acerca desse tema visualiza o Programa Sócio Torcedor como um relevante instrumento de marketing esportivo, mas também é possível perceber movimentos de resistência por parte de torcedores no Brasil e no mundo. Este ensaio chama a atenção de gestores atuantes no futebol para que considerem a elitização do esporte gerada pela utilização desse instrumento, tendo em vista que o futebol é um dos elementos mais marcantes da cultura brasileira.