O presente artigo tem como objetivo discutir a relação entre consumo, crédito e cotidiano no Brasil demonstrando que, a partir da expansão do crédito e ampliação do consumo de uma parcela significativa da população, sobretudo a de menor poder aquisitivo, verificamos que houve, em certa medida: a) alterações nas práticas de consumo como, por exemplo, a compra de bens cujo valor à vista não caberia no orçamento familiar, porém por meio do crédito parcelado passa a ser possível; b) surgimento de novas práticas de gestão da renda, mediante o uso de vários cartões, do empréstimo de cartões de terceiros, parcelamento das compras e uso do crédito rotativo; c) aumento do uso de novas formas de pagamento mediadas pela tecnologia, como o cartão por aproximação e o PIX. Tal análise tem por princípio fomentar o debate referente à expansão dessa modalidade de compras amplamente utilizada, demonstrando como o dinheiro de plástico tem pautado o cotidiano das famílias brasileiras, principalmente alterando sua dinâmica de consumo. Entretanto, o aumento do consumo à crédito aliado à má gestão da renda significa um comprometimento de boa parte do rendimento mensal, o que, em muitos casos, leva ao endividamento e à inadimplência.