ResumoO presente artigo busca analisar o neodesenvolvimentismo argentino a partir dos seus eixos constituintes e de como eles se modificaram ao longo dessa última década. O novo desenvolvimentismo argentino entendido aqui não é visto como uma atitude isolada do 'kirchnerismo' e das políticas governamentais, mas como um processo da junção do ambiente interno argentino com a nova reestruturação do sistema capitalista pós-crise neoliberal.Palavras-chave: Argentina; Desenvolvimento econômico; Novo-Desenvolvimentismo; América Latina; Lutas de classe.
Abstract
The peak and decline of neo-developmentalism in ArgentinaThe aim of this paper is to analyze neo-developmentalism in Argentina based on its constituents' axes and how they changed over the last decade. New developmentalism in Argentina as understood here is not seen as an isolated attitude of 'kirchnerism' and of government policies, but as a process of joining the Argentine internal environment with the new structure of the capitalist system after the neoliberal crisis.Keywords: Argentina; Economic development; Neo-development; Latin America; Class struggle. JEL O540, O100, F590, N460.
IntroduçãoNo começo desse novo milênio, grandes mudanças estruturais ocorreram na economia mundial. Em meados dos anos 90, o modelo neoliberal parecia indiscutível, apesar das intensas manifestações sociais, no plano econômico a aparente estabilidade era vista com extrema euforia na América Latina. Entretanto, depois das décadas de 80 e 90 marcadas pelo neoliberalismo, um período de crises financeiras consecutivas marcou o final da década de 90 nos países periféricos 1 . Atualmente se torna possível ver como essas crises podem ser consideradas um marco para um novo modelo político-econômico nos países latinos, que apesar de conter continuidades, apresenta claramente novos padrões. A eleição de Hugo Chávez em 1998 já Artigo recebido em 25 de junho de 2014 e aprovado em 22 de janeiro de 2016. ** Doutorando em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/PPGE-UFRJ). O autor agradece ao financiamento da CAPES que possibilitou a realização desse trabalho e aos comentários de Daniela Araújo, André Augustin e Carlos Aguiar de Medeiros, obviamente não os comprometendo por eventuais equívocos e omissões existentes nesse trabalho, sendo de total responsabilidade do autor. E-mail: iderley_colombini@hotmail.com.(1) Menção às crises financeiras na Rússia em 97, asiáticas em 98, brasileira em 99 e a argentina em 2001.