Resumo A geobotânica, mesmo sendo possivelmente o primeiro método indireto de prospecção de minérios metálicos, não vem sendo utilizada pela comunidade, sobretudo em florestas tropicais. O principal motivo pode ser a falta de geólogos com conhecimentos de botânica. Há autores que consideram serem as florestas de climas frios e temperados mais adaptadas à técnica pela mais pobre biodiversidade, solos menos espessos e maior interação da vegetação com as rochas encaixantes, deixando as amplas florestas tropicais sem tal abordagem. O objetivo deste trabalho é demonstrar a intensa influência de um processo mineralizante -alteração hidrotermal clorítica -em segmento de Mata Atlântica. São apresentados os resultados de estudo botânico de dois segmentos de floresta atlântica montana crescidos sobre rochas da Formação Morro da Pedra Preta, Grupo Serra do Itaberaba: um sobre rochas meta-básicas e outro sobre rochas metabásicas e metaintermediárias afetadas por um evento de alteração clorítica ao qual estão geneticamente associadas mineralizações de ouro. Observe-se que as metaintermediárias têm composições químicas muito próximas às das rochas básicas. Os dados obtidos em campo evidenciam importante dissimilaridade fisionômica e florística entre as coberturas vegetais, as quais podem ser atribuídas apenas à presença de alteração hidrotermal nas rochas do substrato de uma das parcelas, pois estas são vizinhas e têm iguais parâmetros de altitude, direção e inclinação de encosta e história de sucessão florística. Com este dado, a geobotânica, particularmente associada ao sensoriamento remoto óptico, assunto não tratado neste trabalho, deve ter seu uso seriamente considerado na prospecção mineral e no mapeamento geológico básico em outros biomas com florestas mais preservadas, como na Amazônia.
Palavras-chave: geobotânica, alteração hidrotermal, comunidades florestais, Mata AtlânticaAbstract Forest communities as geobotanical indicators: the case of the auriferous mineralization of Serra do Itaberaba Group, Guarulhos, São Paulo. The geobotany was probably the first indirect method of metallic ore exploration. However it is rarely used by the community, especially in tropical forests, probably because of the difficulties to have a geologist with high botanical knowledge. Some authors believe that cold and temperate forests are more adapted to the technique due to its poorer biodiversity, thinner soils and greater vegetation interaction with the bedrock. The objective of this work is to demonstrate the intense influence of a mineralization process -chloritic hydrothermal alteration -on the Mata Atlantic rain forest. We present the results of a botanical study of two segments of mountainous Atlantic forest grown on soils over rocks of Morro da Pedra Preta Formation, Serra do Itaberaba Group: one over metabasic rocks and another over metabasic and meta-intermediate rocks submitted to chloritic alteration, which is genetically associated to gold mineralizations. The meta-intermediate rocks chemical compositions are very near to th...