Este trabalho é uma proposta para o estabelecimento de um diálogo entre os etnógrafos dos Jê do sul e os arqueólogos, para que se possa aprofundar uma longa série de problemas comuns. Entre vários, o problema relativo à agricultura e à subsistência é o tópico aqui enfocado, pois até o presente não houve pesquisas específicas devido a questões mais importantes a serem resolvidas, ligadas à sobrevivência imediata e à autonomia cultural e espacial dos Kaingang e Xokleng.A antigüidade da agricultura entre o Jê do Brasil meridional ainda é um assunto pouco conhecido, apesar das datas radiocarbônicas e resultados arqueológicos. Por outro lado, antecipo meu posicionamento, diante do nível atual da pesquisa científica da agricultura dos Jê, concordando com Karl Schwerin (1970) quando diz que sua classificação como "agricultores incipientes" é inapropriada.O cuidado extremo que devemos ter ao analisar as fontes etno-históricas e etnográficas, para não ver os Jê do sul de forma simplificada, numa perspectiva de longa duração (Braudel, 1978), deverá considerar I Apresentado na XIX Reunião da Associação Brasileira de Antropologia, 1994.