“…São muitos os exemplos de mitos-fundadores na história e nas diversas culturas, dentre os mais conhecidos os vinculados à religiosidade e à criação do mundo, como Adão e Eva (Cristandade), Pan Ku (China) e Oxalá (Umbanda), apenas para citar alguns, mas também os relacionados à formação dos povos e cidades, como os de Rômulo e Remo (Roma), Kyi, Shchek, Khoryv e Lybid (Kiev). Existe, portanto, uma literatura recente que busca recuperar a discussão dos mitos fundadores na origem e formação identitária dos povos, como Nakba -a grande tragédia -para a origem da Palestina (WEBMAN, 2009), o mito de Kosovo como representação criadora político-cultural da Albania (ÓBUCINA, 2011), a pretensa unidade nacional na Espanha (GARZÓN, 2001), ou a influência dos vários mitos europeus na constituição da própria União Europeia (LÄHDESMÄKI, 2019). A partir disso, vemos uma análise política e sociológica do mito-fundador em diversos contextos, extrapolando até mesmo a noção de uma figura personificada do mito, com conceitos, lugares ou mesmo grandes fenômenos sociais cumprindo o seu papel.…”