RESUMO: O objetivo deste artigo é realizar uma análise crítica de um tipo de violência escolar que vem sendo estudado no Brasil nos últimos anos, denominado bullying. Para isso, apresenta inicialmente seu conceito, a descrição dos comportamentos enquadrados, suas classificações, causas e determinantes. Por meio da crítica à razão instrumental realizada principalmente por Adorno e Horkheimer, denuncia-se como o conceito de bullying pertence a uma ciência pragmática que atende à manutenção da ordem vigente ao invés de colaborar para a emancipação dos indivíduos. Por fim, ao apresentar o conceito de preconceito aponta que se trata do mesmo fenômeno e que, como indicado pelos autores da Escola de Frankfurt, não deve ser combatido via imperativos morais, mas pela reconstituição da capacidade de experienciar nas diversas relações sociais vividas.PALAVRAS-CHAVE: Teoria Crítica; bullying; preconceito; Adorno, Theodor Wiesengrund.
FROM BULLYING TO PREJUDICE: THE CHALLENGES FROM BARBARISM TO EDUCATIONABSTRACT: The aim of this article is to achieve a critical analysis on one kind of school violence, called bullying, that has been studied in Brazil in the last couple of years. To do this, it begins introducing the concept of bullying, description of typical behaviors, its inner classifications, causes and determinants. By using critique to instrumental reason made by Adorno and Horkheimer, it reveals how the concept of bullying concerns to one pragmatic science that answers to a status quo instead of collaborating to the individual's emancipation. Finally, it shows the concept of prejudice and concludes that both are the same phenomenon, and as indicated by the authors of Frankfurt School, must not be combated with moral imperatives, but by the reconstitution of the capacity to have experiences in the various social relationships lived. KEYWORDS: Critical Theory; bullying; prejudice; Adorno, Theodor Wiesengrund." . . . desbarbarizar tornou-se a questão mais urgente da educação hoje em dia" (Adorno, 1971(Adorno, /2003.O "hoje em dia" de Adorno, da epígrafe, refere-se à Alemanha das décadas de 1950 e 1960, palco recente de um dos maiores genocídios que a humanidade já presenciou e realizou. No entanto, transposta à realidade educacional brasileira, essa frase não perde o valor, e com isso concordam muitos daqueles que vivenciam a violência dentro das escolas, e também daqueles que a conhecem de longe, por meio dos noticiários alarmantes, também formadores de opinião.A preocupação com a violência no ambiente escolar, segundo Sposito (2001), emergiu nos estudos acadê-micos brasileiros a partir da década de 1980, ou seja, parece que a preocupação com a barbárie e o compromisso com uma educação contra a violência são ainda muito recentes no Brasil -apenas 26 anos. Mas, de fato, a história da educação no Brasil, comparada com o Velho Mundo, é recente. Segundo Sposito (2001), o estudo da violência escolar parte da análise das depredações e danos aos prédios escolares e chega ao final da década de 1990 e início dos anos 2000 com o e...