“…Sobre a mudança na sintaxe do português, Galves, Britto & Paixão de Sousa (2005), , Gibrail (2010), Cavalcante et al (2010), Antonelli (2011), Galves & Paixão de Sousa (2017), Galves & Gibrail (2018), entre outros, mostram que, no português clássico, nos séculos XVI e XVII, o verbo ocupava uma posição mais alta na oração, na camada CP, e, com isso, o sujeito estaria em uma posição mais baixa e que o padrão básico, não marcado, da colocação dos pronomes clíticos era a próclise. Além disso, Galves, Britto & Paixão de Sousa (2005) e Galves & Sândalo (2012) argumentam que, nos casos com ênclise obrigatórica, havendo um sintagma em primeira posição, a ênclise só poderia ser derivada pela aplicação da Lei Tobler-Mussafia, que impede que um elemento não-acentuado ocorra no início de um sintagma entoacional, e, portanto, o sintagma pré-verbal estaria contido em um contorno entoacional distinto do contorno em que está contido o verbo, o que indica que, no período clássico, a sintaxe de colocação pronominal era sensível à fronteira de sintagma entoacional. Porém, no português europeu moderno, a ordem canônica passou a ser a ordem SV(X) e a fronteira relevante para a ênclise passou a ser CP e, assim, com ênclise ou próclise o sintagma pré-verbal passou a estar contido no mesmo contorno entoacional do verbo, o que indica que houve a perda da correlação entre a sintaxe e a prosódia.…”