Wendt GW / Rev Psiq Clín. 2011;38(5):211-2 Endereço para correspondência: Rua Duque de Caxias, 888 -90010-282 -Porto Alegre, RS.A realidade virtual (RV) vem sendo empregada nos mais variados contextos e tem sua eficácia comprovada na área da saúde desde que foi noticiado o primeiro caso de sucesso utilizando a tecnologia com propósitos experimentais no tratamento de fobias. Dez anos após, é possível observar o uso da RV em um contexto amplo na saúde mental, como em tratamento de transtornos de ansiedade, anorexia e bulimia nervosa, apoio a diagnóstico e assessoramento psicoterapêutico 1 .Esse novo paradigma é tributário das profundas transformações sociais e tecnológicas observadas na última década, da disseminação de um novo espaço psicossocial, formado por culturas e ciberculturas e sua consequente influência ao comportamento e à interação humana 2 . Na RV, os usuários interagem em ambiente 3D simulado por computador, utilizam capacetes especiais, equipados com displays de LCD e fones de ouvido para criar um contexto multissensorial.No Brasil, uma rápida consulta às principais bases de dados (SciELO, Pepsic, Banco de Teses e Dissertações da Capes) permite inferir que o tema é particularmente recente na academia nacional, com escassos estudos veiculados em periódicos. Mesmo na Europa, estudos apontam que recentemente os governantes têm se mobilizado e mensurado o impacto social e econômico da saúde mental, com vistas a enfrentar o desafio e aprimorar técnicas que sejam acessíveis e eficientes à população.A RV é um procedimento seguro e eficaz na melhora da dor e da ansiedade experimentadas em vários níveis de percepção apontados pelos pacientes 3,4 ; recentemente, foram registrados benefícios analgésicos por meio da interação em RV. Dessa forma, o presente artigo busca delinear um breve panorama das aplicações da tecnologia na clínica e em psicologia experimental, com o foco na divulgação de novos horizontes metodológicos e possibilidades de investigação de fenômenos psicológicos.Nos Estados Unidos, Canadá, Itália, Bélgica e outros países que desenvolveram aplicativos de RV, observa-se o uso da tecnologia empregado até mesmo para o treinamento de profissionais. Esses experimentos simulam, por exemplo, a interação entre o médico e o paciente, reproduzem o cenário de uma sala de emergência lotada, forçando os participantes a construírem e testarem hipóteses no mundo imaginado, aumentando a probabilidade de atuação mais efetiva na prática cotidiana. A figura abaixo ilustra uma sala de RV.Os ambientes virtuais são compostos por sistemas de navegação que permitem à pessoa explorar e orientar-se no ambiente, sistemas de interação (engajamento) e, finalmente, sistemas de presença e imersão. Esses são os componentes que refletem a sensação subjetiva de o sujeito de "estar presente" no ambiente simulado, que gera um índice estatístico objetivo, mensurado pela plataforma utilizada, chamado de imersão. "O bloqueio de impressões sensoriais da realidade física é uma parte crucial das experiências mais interessantes nas R...