Re su mo O objetivo deste estudo foi analisar os fatores associados à identificação e notificação de maus-tratos em crianças e adolescentes no exercício da prática de médicos que atuam na atenção primária, assim como a influência de sua formação para essa prática. A pesquisa abrangeu 227 médicos da Estratégia Saúde da Família em municípios cearenses, nos anos de 2010 a 2012. Realizaram-se análises bivariada e multivariada por regressão logística de dados de questionários dirigidos aos participantes. A maioria referiu não ter participado de treinamento sobre o assunto na graduação (73,6%), não conhecia a ficha de notificação de violên-cia (59%) e relatou que a unidade em que trabalhava não tinha a ficha (80,5%). A maior parte também referiu não conhecer instituições de assistência às vítimas de maus-tratos (85,6%). Dos participantes, 53,1% identificaram pelo menos um caso de maus-tratos contra criança e adolescente durante a prática profissional, e destes, 52,6% notificaram o caso. Tempo de formado, conhecimento da ficha de notificação e confiança nos órgãos de proteção estavam associados à identificação de maus-tratos. Os fatores para a notificação foram: presença da ficha de notificação na unidade e conhecimento de local para onde encaminhar as vítimas. Concluiu-se que a identificação desse problema e o manejo de sua notificação deveriam ser discutidos e orientados durante a formação médica. Pa la vras-cha ve violência doméstica; criança; adolescente; notificação de abuso; atenção primária à saúde.
Abs tractThe aim of this study was to analyze factors associated with the identification and reporting of abuse of children and adolescents in the course of the practice of physicians working in primary care, as well as the influence their training had in this practice. Carried out between 2010 and 2012, the survey involved 227 Family Health Strategy physicians in municipalities of the state of Ceará, Brazil. Bivariate and multivariate logistic regression analyses were done based on data from questionnaires the participants responded to. Most reported not having been trained in the subject during their undergraduate studies (73.6%), that they did not know the form used to report violence (59%), and that the unit where they worked did not have such a form available (80.5%). Most also reported not knowing institutions they could refer victims of abuse to (85.6%). Of the participants, 53.1% had already identified at least one case of abuse of children and adolescents during their professional practice and 52.6% reported the case. Time since graduation, awareness of the notification form, and confidence in protection agencies were associated with the identification of abuse. The availability of the notification form at the unit and knowledge of a place to refer the victims to were factors for notification. It was concluded that there is a need to discuss and guide training physicians in the identification of this issue and in the handling of its notification.