A lagarta desfolhadora Anticarsia gemmatalis Hübner (Lepidoptera: Noctuidae) é uma praga da soja. O controle desse inseto enfrenta, entre outros desafios, a ocorrência de populações resistentes a diferentes inseticidas, sendo necessária a busca por novos agentes químicos. A abamectina é um inseticida neurotóxico que causa paralisia muscular e a flupiradifurona pertence ao novo grupo butenolidas, causando hiperexcitabilidade nos insetos. O presente estudo avaliou o potencial da abamectina e flupiradifurona no controle de lagartas A. gemmatalis e em seu predador Podisus nigrispinus. Para isso, fizemos a exposição das lagartas às concentrações previamente estabelecidas e a partir das análises estatísticas foram determinadas as concentrações letais (CL) de ambos os inseticidas. As curvas de sobrevivência foram estabelecidas a partir da exposição das lagartas às concentrações letais. O efeito anti- alimentar foi analisado a partir da exposição das lagartas às folhas de soja tratadas com CL 50 . Os testes de histopatologia e citotoxicidade foram realizados após exposição das lagartas e de seu predador à dieta contaminada com concentração letal (CL 90 ). A abamectina é tóxica para a lagarta e causa efeito anti-alimentar diminuindo o consumo foliar e promovendo danos nas células do intestino médio, incluindo desorganização da borda estriada epitelial e das células caliciformes, formação de vacúolos autofágicos nas células digestivas, degeneração da matriz peritrófica, acúmulo de mitocôndrias de diferentes formas e fragmentos celulares liberados no lúmen do intestino que mostram ser indicativos de morte celular. Alterações na morfologia do epitélio intestinal das lagartas foram observadas como, presença de protrusões citoplasmáticas, vacuolização, degradação da borda estriada de acordo com os tempos de exposição. As lagartas expostas por 24 horas mostraram ter uma possível resposta de recuperação do tecido. No intestino do percevejo houve alteração do epitélio como desorganização, intensa vacuolização e condensação da cromatina nuclear das células digestivas. Maior quantidade de carboidratos nos trofócitos, maior diâmetro e quantidade de gotas lipídicas citoplasmáticas foram observados em percevejos expostos ao inseticida comparado ao controle. A quantidade de proteínas não diferiu em relação ao controle. Esses resultados mostram que a abamectina e a flupiradifurona são tóxicas para as lagartas reforçando seu potencial no controle dessa praga. Entretanto, os efeitos causados pela flupiradifurona em seu predador, podem indicar baixa seletividade dessa substância. PALAVRAS-CHAVE: Citotoxicidade. Controle de pragas. Efeito indireto. Histopatologia. Lagarta-da-soja. Predador. Sistema digestivo. Toxicidade.