RESUMOEste estudo teve como objetivo analisar os fatores que mais se associam à evolução das lesões precursoras do carcinoma invasivo do colo do útero no Estado de Mato Grosso. O tipo de estudo utilizado foi transversal, desenvolvido a partir de amostra representativa. A fonte de dados utilizada foram os prontuários clínicos. Para avaliar o risco de carcinoma invasor utilizou-se o teste de qui-quadrado e análise de regressão logística multivariada. Houve maior prevalência de carcinoma invasivo entre as mulheres de 35 a 50 anos. A partir da regressão logística multivariada, observou-se que a doença na forma invasiva depende da idade, seguida do município de residência, do estado civil, da idade da menarca e da ocupação. Assim, as mulheres com risco de apresentar carcinoma invasivo são as que estão na faixa etária acima de 35 anos, as que residem no Interior do Estado, as não casadas, as que tiveram menarca antes dos 12 anos de idade e as donas de casa. O carcinoma invasivo mostrou-se fortemente associado com as condições sociais desfavoráveis e a doença manifesta-se precocemente no Estado de Mato Grosso.
INTRODUÇÃOA tese de que o Papiloma Vírus Humano -HPV -é causa necessária para o desenvolvimento do carcinoma invasivo do colo do útero(1) é aceita mundialmente; contudo, apesar de se conhecer o fator etiológico da doença, sabe-se que fatores como a multiparidade, o consumo de cigarro e o uso de contraceptivos hormonais (2) contribuem para o desenvolvimento das lesões precursoras do carcinoma invasivo do colo uterino em mulheres com persistência da infecção pelo vírus HPV (3) . Por outro lado, por ser uma infecção essencialmente de transmissão sexual, sabe-se que fatores relacionados ao comportamento sexual (4) , à idade da primeira relação sexual (5) , ao número de parceiros (6) e ao comportamento sexual do parceiro (7) também estão fortemente relacionados à aquisição da infecção, além de interferirem no curso e na extensão da doença.Sabe-se igualmente que mais de 80% dos casos da doença incidem nos países em desenvolvimento (8) , sendo que os países da África e da América Latina são os que apresentam as mais altas taxas de incidência e de mortalidade da doença no mundo. Já nos países desenvolvidos, as maiores taxas de incidência ocorrem em populações mais empobrecidas (9) . Esses dados indicam que as baixas condições econômicas e sociais de uma população aumentam consideravelmente o risco de contágio e, consequentemente, o risco de desenvolver as lesões precursoras em carcinoma invasivo do colo uterino.No Brasil, a doença representa a neoplasia mais comum em áreas menos desenvolvidas, principalmente na Região Norte, e esse quadro se estende ao Norte do Estado de Mato Grosso. Observa-se ainda que a distribuição da doença se dá de forma heterogênea nas diferentes regiões do Estado, devido à sua vasta extensão geográfica, e que ela é mais comum nas regiões menos desenvolvidas. Soma-se a isso a