Resumo A literatura e o cinema podem ser documentos históricos que assumem forte teor testemunhal. Procuram, nesses casos, transmitir a vivência, a experiência e a memória daquele/a que as testemunham. Neste texto, colocamos o foco em narrativas de mulheres que participaram de organizações armadas durante a ditadura militar no Brasil e a ditadura salazarista em Portugal, entre o final dos anos 1960 e o início da década de 1970, e que, posteriormente, trouxeram a público suas memórias e vivências. Analisamos o documentário Que bom te ver viva, da cineasta brasileira Lúcia Murat, lançado em 1989, e o livro da jornalista portuguesa Isabel Lindim, Mulheres de armas: História das Brigadas Revolucionárias, publicado em 2012. Os depoimentos apresentados nessas obras evidenciam as diferenças dos processos políticos vividos nos dois países, bem como as especificidades das histórias e memórias narradas pelas mulheres. Essas diferenças remetem não apenas às características políticas dos dois países em foco, mas também aos distintos contextos de rememoração em pauta no filme e no livro analisados.