O intenso crescimento da urbanização e industrialização tem causado variadas mudanças nas condições ambientais, afetando diretamente a qualidade do ar. Dentre as substâncias responsáveis pela poluição atmosférica, aquela causada por metais pesados tem se destacado como um problema em ambientes urbanos e rurais. A bioindicação e o biomonitoramento são alternativas favoráveis na avaliação do impacto da poluição atmosférica. Objetivou-se com esse estudo, avaliar o potencial de Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota e Pleopeltis astrolepis (Liebm.) E.Fourn. (Polypodiaceae) como bioindicadoras e biomonitoras da poluição atmosférica por metais pesados, através da análise da concentração desses elementos nas folhas, bem como no substrato e verificar se a poluição promove alterações na anatomia foliar nessas espécies em ambientes com diferentes graus de urbanização. As amostras foram coletadas em quatro pontos, sendo duas áreas verdes urbanas e dois fragmentos de floresta estacional semidecidual em municípios da Região Sudeste do Brasil. As folhas foram analisadas quanto à área foliar específica e parâmetros de superfície foliar e de cortes transversais. Foi utilizado um espectrômetro de emissão ótica com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP OES) para realizar às análises dos elementos químicos Ag, Al, Ca, Cd, Cr, Cu, Fe, K, Mg, Mn, Na, Ni e Zn. Em M. squamulosa houve um acúmulo maior de Cr nas folhas coletadas no ambiente mais próximo de áreas rurais em relação ao ambiente mais antropizado. Já em P. astrolepis foi encontrada diferença significativa apenas no elemento Ca, que teve uma concentração maior no ambiente mais urbanizado. Além disso, foi encontrada também uma correlação negativa entre vários caracteres anatômicos e a concentração de Cu em P. astrolepis. Em ambas as espécies houve alterações nos tecidos foliares, podendo-se destacar as alterações estomáticas e de superfície foliar. Porém apenas em P. astrolepis foram observadas alterações significativas entre os ambientes com maior e menor intervenção antrópica na área foliar específica, na espessura dos tecidos clorofilianos e na espessura total da folha. Portanto, foram observadas respostas aos ambientes, com possíveis reações não só à poluição atmosférica urbana, mas também à poluição rural.