Na década de 1730 pairavam várias dúvidas sobre a natureza do calor e do fogo. Em vista disso, a Academia de Ciências de Paris propôs um prêmio para a dissertação que trouxesse uma solução. Num contexto em que a educação das mulheres era direcionada unicamente à esfera doméstica, a marquesa Émilie du Châtelet inscreve sua Dissertação sobre a natureza e a propagação do Fogo e supera os obstáculos que limitam a participação das mulheres nas Ciências. Conseguiram impedir sua presença física na Academia, porém seu nome e suas ideias transcenderam as barreiras do pensamento iluminista e determinista daquele período, tornando-se uma mulher reconhecida, publicada e recomendada. Neste trabalho apresentamos essa personagem e uma análise de seu trabalho sobre o Fogo. Para isso, a pesquisa foi majoritariamente de cunho bibliográfico, implicando a busca e análise de fontes primárias, secundárias e terciárias, nos baseamos na perspectiva feminista pós-estruturalista para a compreensão do papel da marquesa em sua época; e na análise de fontes primárias e secundárias para o estudo da Dissertação. Desta forma, numa leitura feminista pós-estruturalista a marquesa é um exemplo de que não existem limites biológicos, estruturais e temporais que justifiquem as barreiras ideológicas utilizadas para fundamentar essencialmente a participação das mulheres nas áreas científicas. O fato de ser mulher foi decisivo para seu apagamento historiográfico, denunciando uma escolha deliberadamente feita por homens durante séculos de exclusão e silenciamento das mulheres.