O artigo investiga a produção dos saberes e a construção do imaginário de mariscadores de caranguejo da localidade de Bacuriteua, em Bragança, no Pará. A vila é cortada pela rodovia Bragança-Ajuruteua, empreendimento que aterrou 26km de manguezal entre o município de Bragança e a praia de Ajuruteua, no nordeste do Pará e impactou a vida de centenas de trabalhadores das vilas atravessadas por ela. Com base em jornais, fotografias e relatos orais foram analisadas as representações de natureza de mariscadores de caranguejo, a forma como eles interagem e constroem saberes, elaborando estratégias e táticas para se reproduzirem socialmente e interpretarem o meio em que vivem. Conclui-se que há a produção de saberes tão válidos quanto os conhecimentos produzidos pela ciência moderna, com a introdução de novos elementos culturais a partir da abertura da rodovia, assim como a permanência de práticas de uma cultura local, como os métodos de coleta, o conhecimento ecológico, a mitologia e parte da linguagem dos mariscadores, constituindo assim, um bricoleur de saberes.