O presente artigo revisa as estratégias adotadas por diversos autores ao aplicar a intertextualidade à música. Originária da teoria literária, a intertextualidade examina o cruzamento de textos e seu diálogo. Na música, trata das relações entre realizações musicais, tanto anotadas quanto gravadas, completas ou de trechos. O objetivo deste artigo é reunir e diferenciar essas abordagens. Inicialmente, apresentamos as principais abordagens intertextuais na literatura, diferenciando-as entre pós-estruturalistas e estruturalistas, para em seguida descrever e comparar suas aplicações na música. A intertextualidade musical abrange subáreas como empréstimo, influência e a Teoria das Tópicas. Propomos ainda a subárea da intertextualidade pragmática, com uma linha analítica e outra compositiva. Detalhamos as particularidades dessas subáreas e identificamos características dos campos poiético, estésico e neutro sob a perspectiva semiótica de Jean-Jacques Nattiez (1990; 2021). Finalizamos trazendo as tendências recentes da intermidialidade e dos estudos de adaptação. O artigo dedica uma parte mais extensa à transtextualidade de Gérard Genette (1997a; 2010), autor ainda pouco explorado na música.