O Seminário "Inquéritos Populacionais: Aspectos Metodológicos, Operacionais e Éticos" deixará marcas na trajetória de desenvolvimento da pesquisa epidemiológica brasileira. A escolha de tema tão central para a própria construção do objeto da epidemiologia contribuiu para resgatar a importância deste desenho de estudo para o diagnóstico, monitoramento e avaliação de saúde, e fez justiça ao acúmulo de experiências de pesquisas brasileiras nesta área. Além disso, recolocou no centro do debate metodológico um tipo de estudo que em certas ocasiões chegou a ser relegado a um segundo plano dentro do arsenal de delineamentos epidemiológicos, na medida em que a lógica de uma certa epidemiologia moderna, dos fatores de risco, ocupou os espaços acadêmicos não só no mundo, mas também em muitos dos principais centros de formação epidemiológica no Brasil.Dentre tantas importantes experiênci-as relatadas neste Seminário, destaca-se a realização, em 2003, da Pesquisa Mundial de Saúde no Brasil (PMS), que pode ser considerada um marco no campo da saú-de coletiva brasileira por pelo menos quatro motivos. Primeiro, porque sua concepção se deveu, pelo menos em parte, a uma atuação decisiva de pesquisadores brasileiros da área de saúde coletiva, que se manifestaram criticamente em relação ao modelo original da pesquisa e contribuí-ram diretamente para definir uma nova metodologia que se deseja com alcance transcultural, mais apropriada para avaliar o desempenho dos sistemas de saúde e prover informações sobre o estado de saú-de das populações. Segundo, porque neste processo, e a partir do próprio compromisso com a realização da Pesquisa no Brasil, a comunidade científica brasileira da área de saúde coletiva se colocou no centro do debate internacional sobre estes temas. Terceiro, porque, do ponto de vista teórico-conceitual, a metodologia empregada supera uma visão simplista do problema, incorporando dimensões variadas -desde as relativas à situação de saúde e distribuição dos seus determinantes, até