Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2007;17(3):134-146 Aline Cardoso Siqueira, et al. 134 Rev Bras Crescimento Desenvolv Hum. 2007;17( Resumo: O objetivo deste trabalho foi investigar os fatores de risco e proteção presentes no processo de reinserção familiar de uma adolescente de 12 anos, que esteve abrigada por seis meses devido a suspeita de abuso sexual por parte do padrasto. Os dados foram coletados através de entrevistas com a adolescente, sua mãe, membros do abrigo, de uma ONG, do Conselho Tutelar e da escola. Foi utilizada a metodologia da inserção ecológica, acompanhando o caso ao longo de cinco meses. Os resultados indicaram a existência de expressivos e numerosos fatores de risco no ambiente familiar, resultando no reabrigamento da adolescente. Pode-se concluir que o processo de transição ecológica vivenciado pela adolescente, do abrigo para a família, ocorreu de forma inadequada, à medida que não estavam garantidas as condições para um desenvolvimento saudável no contexto familiar. Dessa forma, discute-se a necessidade de políticas públicas que assegurem um acompanhamento dessas transições, para que a reinserção familiar de crianças e adolescentes possa acontecer de forma segura e definitiva.
Palavras-chave:Reinserção familiar. Institucionalização. Adolescência.Fatores de risco como violência intrafamiliar, pobreza, desemprego, alcoolismo, presença de doença física e mental dos cuidadores, entre outros fatores, têm motivado o abrigamento de crianças e adolescentes no Brasil. Essa medida de proteção provisória, preconizada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, é utilizada quando os direitos destes jovens estão sob ameaça ou são violados1. No entanto, o retorno de crianças e adolescentes abrigados às famílias de origem tem sido um tema pouco explorado cientificamente na realidade brasileira, apontando a necessidade de pesquisas que compreendam como este processo está ocorrendo.