Este artigo analisa como as emoções são incorporadas ao enquadramento pela mídia corporativa de eventos de protesto por meio do estudo de imagens. A partir da articulação entre as teorias do enquadramento interpretativo e das emoções na ação coletiva, construiu-se um modelo de análise visual baseado na identificação dos quadros dominantes e dos processos de refinamento do olhar em três dimensões: técnicas fotográficas, interações e emoções. O modelo foi aplicado à cobertura do jornal Zero Hora ao protesto de 20 de junho de 2013 em Porto Alegre. Os resultados indicam que o jornal incorpora regimes emocionais ambivalentes: associa o protesto a símbolos de grandiosidade, patriotismo e festividade, os quais tendem a vincular-se a emoções morais (ex.: orgulho) e de lealdade e compromisso (ex.: confiança); por outro lado, táticas “violentas” são associadas a perigo/risco, ligadas a emoções reflexas (ex.: medo) e morais (ex.: indignação). Tais achados introduzem elementos visuais e emocionais à teoria dos enquadramentos da ação coletiva, com a proposição de um modelo analítico que pode ser replicado em estudos futuros.