Resumo Introdução A nefrite lúpica (NL) afeta até 50% dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) e pode levar à falência renal e necessidade de transplante renal (TR). Os resultados em comparação à TR por outras causas são controversos, e visamos avaliar evolução clínica, complicações e sobrevida de pacientes com NL submetidos a TR. Metodologia Coorte retrospectiva de 99 TR por NL de 1977 a 2023 em um único centro, divididos em dois grupos conforme o período de imunossupressão: G1 (antes de 2009) e G2 (a partir de 2009). As características clínicas, demográficas e evolução clínica foram comparadas. Resultados Pacientes eram na maioria brancos (65,9%), sexo feminino (86,9%), no primeiro TR (83,8%). A idade mediana foi 20,0 (11,5–25,0) anos no diagnóstico de LES e 30,0 (23,0–40,0) anos no TR. Biópsia do enxerto renal foi indicada para 46% dos pacientes, com rejeição em 23% e recorrência de NL em 5%. Avaliando os dois períodos distintos de imunossupressão padrão, não houve diferença na mediana de taxa de filtração glomerular e de proteinúria em 1 ano e em 5 anos, nem da sobrevida em 5 anos. Em todo o acompanhamento, 37,4% dos pacientes perderam o enxerto e 13% morreram com enxerto funcionante. Nenhuma perda foi atribuída à recorrência de NL. Conclusão TR é um tratamento bem-sucedido na NL, com taxas de sobrevida do enxerto semelhantes às de transplantes por outras causas. A recorrência de NL não esteve associada à perda do enxerto renal.