Desde os primeiros meses de redação dos Quaderni del Carcere, Gramsci escreveu sobre a centralidade da “salvaguarda da personalidade feminina” no contexto de crise capitalista que se desdobrava a partir da Primeira Guerra Mundial. Nesse sentido, o presente artigo procura responder duas questões: (a) quais as possíveis fontes para a formulação de Gramsci nos escritos carcerários sobre o papel político da questão feminina? (b) como essa formulação se desenvolveu em seu pensamento na prisão ao longo do tempo? A pesquisa reconstrói os caminhos desse problema nos escritos gramscianos anteriores e posteriores ao cárcere, explorando em especial o tratamento não economicista do mesmo. Discute, ainda, a importância da experiência pessoal de Gramsci, prisioneiro do regime fascista, para um desenvolvimento teórico da questão feminina como condição subalterna.