O rompimento da barragem B1 em Brumadinho-MG (janeiro/2019) atingiu os córregos do Feijão e Ferro-Carvão, desaguando no rio Paraopeba e gerando um grande passivo ambiental. A área da foz do córrego Ferro-Carvão foi recuperada e está em processo de monitoramento, conforme tem sido requisitado pela IN IBAMA 04/2011 e outros instrumentos normativos. Neste sentido, objetivou-se com este estudo avaliar e propor um sistema de monitoramento baseado na análise de atributos de qualidade do solo para subsidiar o processo sustentável da recuperação da foz do córrego Ferro-Carvão. As caracterizações físicas e químicas do solo foram efetuadas por meio das amostras retiradas nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, em seis transectos delimitados nas margens do córrego Ferro-Carvão (na área denominada de “marco zero” – A_MZ), um na área da mata nativa (A1) à margem direita do córrego Ferro-Carvão e um na margem esquerda do córrego Casa Branca (A4), as quais foram utilizadas como padrões de referência. Dados obtidos foram submetidos à análise de componentes principais (PCA). E as relações entre as áreas foram observadas pela análise permutacional de variância (PERMANOVA). Os valores observados dos indicadores mais proeminentes foram convertidos em pontuações (variando de 0 a 1), adotando critério de “mais é melhor (b = -2,5)”, “menos é melhor (b = +2,5)” e “ótimo é melhor” para o cálculo da curva sigmoidal de cada um deles. Assim, o peso de cada atributo foi multiplicado pelo seu respectivo valor convertido, sendo o somatório desses produtórios, por camada, o índice de qualidade do solo (IQS). A PERMANOVA revelou similaridade entre as áreas (stress < 0,20) na camada superficial, sendo explicada por índice da saturação por bases (V%), o potencial hidrogeniônico em água (pH em H 2 O), cálcio trocável (Ca 2+ ) e a capacidade de troca catiônica a pH 7,0 (T). Em contrapartida, mostrou uma distinção entre as áreas (stress > 0,20) na subsuperfície, sendo elucidada por V%, pH em H 2 O, densidade de partículas (DP), ferro total (Fe-t), manganês total (Mn-t) e boro (B). Os índices de qualidade do solo também foram similares na primeira e distintas na segunda camada. O IQS da A_MZ na camada 0-20 cm foi de 0,251 e o de ambas as áreas de referência foi de 0,250. Enquanto na profundidade de 20-40 cm, os valores de IQS foram 0,177, 0,167 e 0,166 para A_MZ e as áreas de referência A1 e A4, respectivamente. O IQS da A_MZ para camada 0-20 cm foi cerca da metade do IQS (> 0,500) sugerido para considerar como satisfatório um processo de RAD. Portanto, há uma condição inicial favorável para recuperação ambiental da foz do córrego Ferro-Carvão, porém, a área florística em recuperação possivelmente vai ser distinta da referência, ao longo prazo, devido as condições edáficas dissimilares observadas a partir dos 20 cm de profundidade do solo. Palavras-chave: Recuperação de áreas degradadas. Análise de componentes principais. Análise permutacional de variância. Índice de qualidade do solo. Legislação ambiental.