RESUMOObjetivo: o objetivo dessa pesquisa foi descrever as características funcionais da comunicação de adolescentes autistas institucionalizados, ao longo de um período de aproximadamente seis meses, nos aspectos de: número de atos comunicativos por minuto, proporção de interpessoalidade da comunicação e proporção de utilização dos meios comunicativos gestual, vocal e verbal assim como descrever as características do desempenho sócio-cognitivo dos sujeitos ao longo desse período. Métodos: foram sujeitos dessa pesquisa oito adolescentes autistas institucionalizados que foram avaliados durante seis meses quanto ao perfil funcional de comunicação e ao desempenho sócio-cognitivo. Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística não paramétrica. Resultados: foi observada evolução quanto ao número de atos comunicativos por minuto e à proporção de funções comunicativas interpessoais, mas não foi observada evolução significativa quanto aos aspectos sócio-cognitivos. Conclusão: foi possível observar evolução na linguagem em adolescentes autistas institucionalizados num período de tempo de seis meses, mas não foi possível identificar correlações com o desempenho sócio-cognitivo.
DESCRITORES:
Conflito de interesses: inexistenteAs relações entre os déficits cognitivos e de linguagem nos quadros de autismo infantil têm sido amplamente discutidas na literatura [3][4][5][6][7] .As pesquisas com adolescentes autistas 8,9 mostraram que estes apresentam dificuldades de imitação e que a severidade da disfunção sensorial não está associada à severidade dos sintomas 9 . Outro estudo 10 relatou também a maior ocorrência de prejuízos na comunicação verbal e não verbal em relação às dificuldades de reciprocidade social e à diminuição de comportamentos repetitivos nessa faixa etária. Em relação ao desenvolvimento, os estudos desenvolvidos têm observado que os autistas melhoram nas funções executivas entre as idades de 11 e 16 anos 3,11,12 .A necessidade de pesquisas que investiguem a linguagem considerando os aspectos cognitivos é citada em diversos estudos sobre autismo há várias décadas 4, 13-19 assim como outras pesquisas 3,11,12 abordam mudanças nesses aspectos o longo do
INTRODUÇÃOO autismo é uma síndrome comportamental, de etiologia desconhecida e caracterizada por um prejuízo na tríade socialização, linguagem e comportamento. O diagnóstico é feito com a utilização de escalas diagnósticas: o Código Internacional de Doenças (CID 10) ¹ e o Manual de diagnós-tico e estatística de distúrbios mentais (DSM IV) ². A intensidade dos sintomas do autismo varia de acordo com o nível de desenvolvimento intelectual ou cognitivo.