;Odilon Victor Porto Denardin 2 ; Abrão Rapoport-ECBC 3 RESUMO: Objetivo: Avaliar a associação da tireoidite auto-imune e o carcinoma diferenciado da tireóide na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia-Goiás. Método: De 1395 tireoidectomias realizadas de 1994 a 2003, foram selecionadas 120 carcinomas diferenciados (27 foliculares e 93 papilíferos). Foram avaliadas as variáveis clínicas (idade e sexo) com apresentação de freqüências e de sumários de medidas-resumo na descrição estatística. Para aferir a associação de tireoidite auto-imune e carcinoma diferenciado da tireóide em função dos achados histopatológicos, utilizou-se tabelas de contingência e análise pelo teste não paramétrico do quiquadrado de Pearson. Em todos os testes estatísticos foi adotado um nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: 11,1% dos carcinomas foliculares e 18,3% dos carcinomas papilíferos estão associados à tireoidite auto-imune. Existe uma relação de freqüências quatro vezes maior da tireoidite auto-imune com o carcinoma diferenciado da tireóide em comparação com outras doenças tireoideanas (16,7% X 3,6%). Conclusão: Tais resultados permitem inferir que a associação entre a tireoidite auto-imune e o carcinoma diferenciado da tireóide é mais que casual, exigindo uma observação clínico-laboratorial cuidadosa nos portadores da doença auto-imune (Rev. Col. Bras. Cir. 2006; 33(6): 345-349
INTRODUÇÃOA incidência do câncer da tireóide mostra grandes diferenças entre os países e populações em regiões endêmicas sendo sua incidência e mortalidade pelo câncer da tireóide, consideradas maiores que em regiões não endêmicas 1 . Os infiltrados linfocitários da tireóide são encontrados em uma grande variedade de doenças: tireoidite de Hashimoto, tireoidite linfocítica, tireotoxicose, bócio nodular e no câncer da tireóide. Os graus de substituição do parênquima tireoidiano por linfócitos variam de infiltrados difusos a pequenas alterações focais, encontradas nos bócio nodulares e carcinomas 2 , sendo que o nome tireoidite de Hashimoto tem persistido na literatura para descrever a "tireoidite auto-imune", termo usado indevidamente nos casos com tireoidite focal ou generalizada, e deve ser empregado exclusivamente para descrever pacientes com bócio, hipotireoidismo que demonstrem altos títulos de anticorpos antitireóide ou presença de citologia e/ou biópsia comprovando a enfermidade.A incidência de tireoidite de Hashimoto em associação com o carcinoma da tireóide permanece controversa, não se encontrando evidências de que o carcinoma tireoidiano seja originado no epitélio proliferado da tireoidite de Hashimoto. As neoplasias com baixo grau de malignidade (carcinoma papilífero e folicular) ocorriam com maior freqüência nos casos de tireoidite de Hashimoto do que nos carcinomas não papilares e anaplásicos, justificada pela incidência mais comum das neoplasias de baixo grau de malignidade comparativamente àquelas de alto grau, e por afetar um grupo mais jovem de pacientes como foi detectado com a tireoidite de Hashimoto. Há evidências que a reação ...