As doenças mentais são consideradas atualmente um problema de saúde pública, afetando cerca de 13% da população, menos prevalente apenas que as doenças cardiovasculares e câncer. Doenças mentais, espiritualidade e cristianismo em associação são alvos de conflito histórico, mitos e tabus. O estigma da associação de doença mental com poderes demoníacos, forças espirituais ou desagregação moral é patente para a maioria das pessoas, e contribuí para o afastamento social, que agrava o tratamento do enfermo. A associação da religião e doença mental é considerada positiva atualmente no tratamento das doenças mentais, desde que exista aceitação e apoio da comunidade, principalmente em se considerando o aumento da sua incidência, particularmente em jovens no nosso contexto social atual. As comunidades cristãs devem ser adequadamente instruídas no acolhimento deste grupo, e uma hermenêutica apropriada dos textos bíblicos pode ter uma influência propositiva positiva na conscientização de atitudes construtivas. A análise das narrativas bíblicas permite identificar doenças mentais, como por exemplo, manifestações esquizo afetivas (Dn 4,31-31), depressão reativa monopolar (1Rs 19,4, Sl 6,6-7), transtorno de ansiedade (Lc 10,40-42), doenças mentais frequentes. A identificação que a doença mental é física, desencadeada por fatores externos, é ressaltada no livro de Tiago no Novo Testamento, abordando o personagem do profeta Elias (Tg 5,15-18). Mesmo considerando a essência religiosa das escrituras sagradas, encontramos nas tradições bíblicas princípios básicos de acolhimento e manuseio dos portadores de doença mental como diálogo, aceitação, paciência e suporte (1 Rs 19,9-19), proposta de restauração para o futuro (Fl 3,13-14), e o autocontrole (1 Pd 5,7). A correta hermenêutica dos textos bíblicos sobre este tema, considerado tabu, é essencial para o acolhimento do doente mental nas igrejas cristãs. O combate ao estigma da doença mental no ambiente cristão é essencial com a aplicação de uma teologia positiva de aceitação. A comunidade religiosa pode contribuir no tratamento médico e psicológico da doença mental com uma teologia inclusiva do doente mental no processo de sua integração psicossocial.