Resumo: Muitos são os vetores de difusão do Português brasileiro no mundo. Suas ações voltam-se para comportamentos e costumes cotidianamente nutridos pelas culturas brasileiras, dentre eles, o mais significativo é a língua, já que congrega em si não só um conjunto de signos linguísticos, mas também práticas socioculturais e a cognição social (Barsalou 1987), de modo indissociável (Saliés et al. 2022). Neste artigo, voltamo-nos, especialmente, para dois vetores associados ao Português como Língua de Herança (PLH), em sua vertente brasileira: a prática pedagógica de ensino-aprendizagem de PLH e os Falantes de Herança (FH). Com esse propósito, recrutamos a literatura em desenvolvimento linguístico e manutenção de línguas minoritárias à luz da socialização da linguagem (Duff 2017; He 2017) e da abordagem sociocognitiva (Wittgenstein 2009(Wittgenstein [1953; Lakoff 1987). Segundo ela, a manutenção da língua vincula-se ao letramento e à institucionalização de seu ensino em espaços de socialização e atravessamento (Spitz et al. 2021) que permitam aos FH significar essa "herança" por e no uso da língua na construção e transformação de conhecimento. Embora o conhecimento leigo considere o processo de fácil equação, a teoria nos mostra ser ele multifacetado e complexo. Dentre as questões que abordamos encontram-se "Por que não basta assistir filmes ou ouvir música para alavancar o desenvolvimento linguístico?" e "Como agir no espaço pedagógico em prol do desenvolvimento, manutenção e difusão do PLH? Ao abordá-las, delineamos um rol de ações na forma de uma unidade pedagógica, passível de inspirar professores na área de PLH e alavancar o desenvolvimento linguístico, a manutenção da língua e a participação dos FH na difusão do português brasileiro.