A hernioplastia inguinal é frequente na Cirurgia Geral e pode ser utilizada como indicador de qualidade cirúrgica no Brasil, país com múltiplas desigualdades. Foram coletados dados sobre 722.140 correções cirúrgicas de hérnias inguinais, realizadas de 2017 a 2022, no DATASUS, por região geográfica. A análise geoespacial foi realizada com o Índice de Moran. O número total de hernioplastia inguinal bilateral ressaltou diferenças regionais - 48,45% no Sudeste (45.037), 23,49% no Nordeste (21.835), 10,92% no Sul (10.150), 9,48% no Norte (8.814) e 7,67% no Centro-Oeste (7.128). O número de hernioplastia inguinal por videolaparoscopia por 100.000 habitantes apresentou significativo predomínio no Sul (0,58 - 1,59%), maior porcentagem geral em 2022 e menor em 2020 e 2021. A taxa de mortalidade por hérnia inguinal tem relevância regional, com maior amplitude no Centro-Oeste (0,12 - 0,41) e menores marcadores no Norte (0,09 - 0,25). Observou-se uma queda total na realização de hernioplastias inguinais entre 2020 e 2021 atribuída às limitações da pandemia da COVID-19. Fatores econômicos e geográficos, como a dificuldade e desigualdade no acesso ao cuidado cirúrgico, culminaram em diagnósticos tardios e complicações que explicam as amplas e díspares taxas de mortalidade encontradas. O uso da via laparoscópica apresenta uma concentração no Sul e Sudeste, refletindo a desigualdade na distribuição de tecnologia médica no país. É fundamental investir no desenvolvimento de técnicas reprodutíveis, seguras e economicamente viáveis para garantir o acesso igualitário ao cuidado cirúrgico. As disparidades geográficas na realização da hernioplastia inguinal devem ser combatidas e a Cirurgia Global priorizada.