Resumo Objetivo Avaliar a proporção de pessoas idosas não vacinadas e os motivos que interferem na imunização contra influenza em localidades rurais ribeirinhas, discutindo as potenciais implicações na vacinação contra a infecção por SARS-CoV-2. Método Inquérito epidemiológico de base domiciliar realizado em 38 localidades rurais ribeirinhas de Manaus (AM), Brasil, assistidas por uma Unidade Básica de Saúde Fluvial. Os participantes responderam a um questionário que investigou condições de vida, saúde e acesso aos serviços de saúde. Para este estudo foram avaliados os desfechos relacionados à imunização contra a Influenza nos últimos 12 meses e o principal motivo alegado para a não vacinação. Foi realizada análise descritiva dos dados, seguida por análise de regressão logística para identificar fatores associados à não vacinação. Resultados Das 102 pessoas idosas incluídas no estudo, 28 (27,5%) referiram não vacinação contra a Influenza no ano anterior. Os principais motivos foram a falta de informação sobre a vacinação (60,7%) e barreiras de acesso aos serviços de saúde (28,6%). Foi identificada maior chance de não vacinação entre aqueles que não consultaram o médico no último ano (RC=4,18; IC95%=1,57-11,11) e com maior renda domiciliar (RC=1,08; IC95%=1,02-1,14). Conclusão Verificou-se elevada proporção de pessoas idosas autorreferindo não imunização contra Influenza. Os motivos identificados para a não vacinação podem também representar barreiras à vacinação desse grupo populacional contra a covid-19. Dessa forma, faz-se necessário adequar o planejamento da vacinação em contextos rurais ribeirinhos, desenvolvendo estratégias mais contextualizadas para garantia de cobertura a essa população com maior vulnerabilidade aos efeitos de doenças respiratórias.