RESUMO Objetivo: analisar mudanças na assistência à saúde materna durante a pandemia da Covid-19, segundo relatos dos profissionais de saúde. Método: pesquisa qualitativa, realizada com gestores, médicos, enfermeiros, residentes e técnicos de enfermagem atuantes nos setores de ambulatório de pré-natal, emergência obstétrica, hospitalização obstétrica e centro de parto de um hospital público federal de alta complexidade no Nordeste do Brasil. Os dados foram coletados de no período de dezembro de 2020 a agosto de 2021. A amostra, escolhida intencionalmente, buscou a diversidade de características e situações, foi encerrada pelo critério da saturação de sentidos. Questionário estruturado e roteiro semiestruturado de entrevista foram utilizados para coleta dos dados. As entrevistas foram gravadas e transcritas. Empregou-se a análise de conteúdo, na modalidade temática. Resultados: entrevistaram-se 28 profissionais. Foram identificadas mudanças na dinâmica da assistência obstétrica categorizadas em: pré-natal; e parto/puerpério. No pré-natal, houve diminuição das consultas eletivas; aumento do tempo entre consultas; a paramentação atrasava o atendimento; implantação de novos protocolos de higienização; limitação do número de acompanhantes; criação de novos ambientes como a sala Covid-19 para gestantes sintomáticas; teleatendimento e sobrecarga de trabalho pelo aumento da demanda vinda da Atenção Primária à Saúde. No parto/puerpério, os relatos apontaram redução do número de leitos; testagem e isolamento das pacientes sintomáticas; limitação da deambulação, restrição de acompanhantes e obrigatoriedade do uso de máscara pela parturiente. Conclusão: a reestruturação dos serviços e a criação de novos espaços para atendimento de pacientes com Covid-19 ocasionaram redução na oferta de vagas para consultas de pré-natal e pós-parto. As mudanças foram acompanhadas por novas regras de atendimento, com retrocessos quanto à garantia de direitos previamente conquistados.