A doença de Cushing (DC) permanece um desafio médico com muitas questões ainda não respondidas. O sucesso terapêutico dos pacientes com DC está ligado à correta investigação do diagnóstico síndrômico e etiológico, além da experiência e talento do neurocirurgião. A adenomectomia hipofisária transesfenoidal constitui-se no tratamento de escolha para a DC. A avaliação da remissão da doença no pós-operatório e da recorrência em longo prazo constitui um desafio ainda maior. Especial destaque deve ser dado para o cortisol sérico no pós-operatório como marcador de remissão. Adicionalmente, o uso de corticoide exógeno no pós-operatório apenas em vigência de insuficiência adrenal tem sido sugerido por alguns autores como requisito essencial para permitir a correta interpretação do cortisol sérico nesse cenário. Neste artigo, revisamos as formas de avaliação da atividade da DC e os marcadores de remissão e recidiva da DC após a realização da cirurgia transesfenoidal. Arq Bras Endocrinol Metab. 2012;56(3):159-67 Descritores Doença de Cushing; cortisol sérico; remissão; cirurgia hipofisária summArY Cushing's disease (CD) remains a medical challenge, with many questions still unanswered. Successful treatment of CD patients is closely related to correct approach to syndromic and etiological diagnosis, besides the experience and talent of the neurosurgeon. Pituitary transsphenoidal adenomectomy is the treatment of choice for DC. Assessment of remission after surgery and recurrence in the long term is an even greater challenge. In this regard, special attention should be paid to the role of postoperative serum cortisol as a marker of CD remission. Additionally, the postoperative use of exogenous glucocorticoids only in cases of adrenal insufficiency has been suggested by some authors as an essential practice to enable the use of serum cortisol in this scenario. In this article, we review the forms of evaluation of DC activity, and markers of remission and relapse of CD after transsphenoidal surgery. iNTroDuÇÃo A doença de Cushing (DC) apresenta incidência estimada de 0,7 a 3 casos/milhão/ano (1-3), com prevalência de 39,1 casos por milhão de habitantes (4). Acomete adultos jovens com pico de incidência entre a terceira e quarta décadas de vida (5) e predominantemente mulheres.Para o sucesso no manejo desses pacientes, é necessário que a investigação diagnóstica obedeça a uma sequência lógica: inicialmente o diagnóstico sindrômico e posteriormente o diagnóstico etiológico.O risco relativo de morbidade e mortalidade na DC é de 2 a 5 vezes acima da população em geral (2,3), podendo equiparar-se ao risco da população em geral durante a remissão da doença (2).