Uma das vantagens aventadas da vídeo-cirurgia é a possibilidade de formar menos aderências pós-operatórias. As evidências deste efeito resultam de trabalhos clínicos e experimentais, mas o real impacto desta via de acesso neste sentido ainda não foi comprovado. O objetivo da presente revisão foi avaliar as evidências científicas disponíveis sobre o assunto. Material e Métodos: revisão da literatura pertinente. Resultados: As aderências pós-operatórias foram analisadas no sítio da operação e nas incisões praticadas, porém existem poucas informações sobre aderências em locais não operados. Aderências pós-operatórias são menos freqüentes ou intensas quando se considera a via de acesso por vídeo. A despeito deste dado experimental, os desfechos clínicos de menor dor pélvica, menor número de admissões ou reoperações por obstrução intestinal e menor ocorrência de infertilidade ainda não podem ser claramente atribuídos a esta via de acesso, especialmente quando se consideram as cirurgias laparoscópicas avançadas, uma vez que nesta situação existe equivalência de área cruenta nas duas vias de acesso, à exceção da área associada às incisões. Conclusões: A via de acesso por vídeo está associada a menor formação de aderências, mas não protege de complicações relacionadas à sua ocorrência. Técnica operatória adequada e o uso de barreiras provavelmente estão mais fortemente associadas à menor formação de aderências do que a via de acesso aberta empregada para a realização das operações abdominais e pélvicas.
Laparoscopic surgery seems to be associated with less adhesion formation and complications associated to surgical access when compared to laparotomy. Experimental and clinical evidence confirm this hypothesis but the impact of laparoscopy on adhesion formation and its complications remains undetermined. The present article aims at reviewing the evidence on this issue. Method: literature review. Results: Postoperative adhesions were evaluated at operation site and at surgical scars. Nevertheless, results on adhesion formation at sites distant from them are still unavailable. Adhesion formation was less common or reduced when laparoscopic access was compared to conventional surgery. Main adverse outcomes regarding adhesion formation are pelvic pain, infertility, and intestinal obstruction. There is little evidence of reduced incidence of these adverse outcomes after laparoscopic surgery when compared to conventional access and there may be none at all when major laparoscopic operations are considered. This finding may be due to a similar extent of dissection after conventional or advanced video operations with the exception of the adhesions related to the incisions. Conclusions: Laparoscopic surgery is associated to less adhesion formation but may not protect from adverse outcomes expected after abdominal operations. Adequate surgical technique and the use of commercially available adhesion barriers may be major determinants from adhesions formation and its consequences