A pesquisa em Ciência da Informação (CI) incorpora, progressivamente, perspectivas críticas em seu escopo teórico, epistemológico, metodológico e pragmático, a fim de ampliar as perspectivas a partir das quais se compreendem os fenômenos investigados. Os fenômenos sociais abordados pela pesquisa científica são reconhecidamente influenciados por fatores históricos, políticos e socioculturais que envolvem aspectos como gênero, raça e classes sociais. Os fenômenos informacionais, enquanto pertencentes a esse âmbito, são igualmente influenciados por tais aspectos. Da mesma forma, os dispositivos informacionais - bibliotecas, arquivos e museus - apresentam iniciativas pautadas por tais perspectivas em suas atividades. No âmbito das teorias críticas na CI, destacam-se estudos e iniciativas com perspectivas decoloniais nos equipamentos informacionais e nas questões informacionais abordadas pela área. A perspectiva decolonial busca questionar os vestígios das relações de dominação Norte-Sul que perduram nos âmbitos ideológicos e epistemológicos, a partir de processos de subjetivação impostos. Considerando que as tecnologias de comunicação e informação (TIC) são igualmente afetadas por vieses de perspectiva colonial e que a perspectiva decolonial é, portanto, desejável em estudos voltados a temáticas relacionadas, este trabalho objetiva responder à seguinte questão de pesquisa: qual o panorama das pesquisas relacionadas às TIC com perspectiva decolonial no âmbito da Ciência da Informação brasileira? Nesse contexto, a proposta deste trabalho é traçar um panorama sobre as tendências de pesquisa relacionadas à perspectiva decolonial voltadas a temas relacionados às TIC no âmbito da Ciência da Informação, a fim de observar o estado da temática e possíveis lacunas a serem preenchidas por novas pesquisas relacionadas ao tema no contexto brasileiro. A hipótese levantada é que, embora seja crescente a produção de pesquisas relacionada à perspectiva decolonial na Ciência da Informação, o número de produções voltadas às TIC é ainda escassa no contexto brasileiro. Foi possível observar que as publicações sobre ou com perspectiva decolonial/pós-colonial/descolonial/anticolonial foram majoritariamente voltadas aos estudos epistemológicos. O escasso número de publicações voltados a temáticas relacionadas às TIC apontam para uma demanda crescente por estudos neste âmbito com perspectiva decolonial, considerando a importância desta perspectiva demonstrada no número e na qualidade das publicações recuperadas. A constatação de que as tecnologias, enquanto produtos criados e administrados por seres humanos igualmente afetados pelo racismo estrutural reforça a necessidade de se desenvolverem mais estudos sobre a temática a fim de contribuir para a superação deste problema social.