Este estudo investiga imaginários sociodiscursivos do feminino espelhados tanto pelo dito político, quanto pela voz jornalística que o relata. Partimos da suposição de que, ainda na atualidade, a naturalização da violência simbólica contra a mulher é: (i) flagrante em pronunciamento da instância política – que o justifica sob pretexto humorístico; e (ii) condenada por instância jornalística de grande circulação – que o reporta sob viés crítico. Para um exame qualitativo do corpus, este trabalho, possuindo como escopo teórico primordial a Análise Semiolinguística do Discurso, apoia-se em uma metodologia em tripla dimensão – situacional, discursiva e formal. Além disso, equilibrando-se sob um múltiplo eixo teórico, volta-se ao tratamento de: (i) imaginários sociodiscursivos do feminino, com base, primordialmente, em bell hooks (2019), Bourdieu (2014) e Sarmento et al. (2019); (ii) representações dos dizeres sob o contrato político e a interferência jornalística, com apoio, principalmente, em Charaudeau (2006a; 2006b) e Marcuschi (1991); (iii) ato humorístico, com o respaldo, sobretudo, de Bergson (1987) e Charaudeau (2006c). A investigação proposta, percorrendo itinerários de violência contra a mulher, parece acenar para a resistência de um sentido hegemônico estereotipado do feminino na arena política, justificado por certo “senso de humor”, e sua contestação pela interferência jornalística.