RESUMO -A IRC (insuficiência renal crônica) terminal é acompa-
INTRODUÇÃOAntes do advento da eritropoetina humana recombinante (EPO), a anemia era comum e responsabilizada por várias alterações presentes na insuficiência renal crônica terminal (IRCT), inclusive as de ordem sexual. Sua correção por transfusões repetidas implicava em risco aumentado de infecções por vírus das hepatites 1,2 , oferta excessiva de antígenos de histocompatibilidade 3 , etc. A disfunção sexual, a infertilidade e a diminuição da libido eram amplamente conhecidas em homens e mulheres, e estas apresentavam alterações menstruais, classicamente, amenorréia 4,5 , o que levou à publicação de vários estudos de dosagens hormonais no final dos anos 70 e início dos anos 80 4,6,7,8,9,10,11 . O uso clínico da EPO permitiu o tratamento adequado, eficaz e sem os riscos descritos da anemia, além de melhora da qualidade de vida 2,12,13,14 e da função sexual de homens e mulheres 12,13,15 . Desde então, existem na literatura inúmeros relatos sobre a melhora da impotência em homens, havendo comparativamente uma escassez de dados sobre o perfil hormonal sexual das mulheres em programa crônico de diálise. Em nosso meio, os dados são praticamente inexistentes.Com o advento da EPO e o consequente tratamento da anemia, apareceram relatos de normalização dos níveis de PRL e retorno da menstruação 12,13 , bem como supressão dos níveis basais de FSH e LH 15 , com os autores sugerindo que os pacientes tratados com EPO apresentavam melhora da função sexual por normalização da retroalimentação no eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal, já que pacientes com os mesmos níveis de hemoglobina e hematócrito sem EPO apresentavam perfis hormonais alterados. Os mesmos resultados não foram obtidos por outros autores 33 e um estudo comparando pacientes policitêmicos (com baixa EPO endógena) com pacientes anêmicos (com alta EPO endógena) sugeriu que a doença de base, mais do que os níveis de EPO, é que realmente afeta os diversos eixos hormonais (em especial, o eixo hipotálamo-hipofisário), embora o tratamento da anemia, per se, possa melhorar alguns parâmetros hormonais 34 . Os estudos relatados geralmente comparam os perfis das pacientes renais crônicas em diálise com controles normais ou receptoras de transplante renal. Este estudo pretende avaliar e comparar o perfil hormonal de mulheres que menstruam com mulheres amenorreicas, todas em programa de diálise e em tratamento com a EPO, através da comparação dos níveis séricos de FSH, LH e E2 de mulheres em programa crônico de diálise que menstruam e amenorreicas, com idade inferior a 48 anos; do padrão hormonal da PRL de pacientes em programa crônico de diálise que menstruam, amenorreicas com idade menor