Páginas 85 a 102 86Resumo -O tratamento de emergência para infarto agudo do miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC) baseia-se na terapia de reperfusão com fibrinolíticos caso o paciente seja eleito, entre outros procedimentos. Intentou-se avaliar a prevalência e a letalidade, associadas à comorbidades, em consequência das limitações no atendimento de urgência de pacientes acometidos por acidentes em nível vascular. Tratou-se de um estudo por corte transversal que analisou 177 prontuários de pacientes acima de 18 anos. Observou-se a predominância de diagnósticos de IAM e AVC (99 e 78) e, entre as comorbidades, 99 casos de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e 57 de diabetes mellitus (DM). Houve a incidência de 0,52 IAM em indivíduos expostos ao DM e de 0,57 aos não expostos (RA em expostos 52,63%; RA em não expostos 57,50%; RR 0,91; OR 0,83; IC 95% 0,39-1,46), por exemplo. A taxa de letalidade foi 6,21 a cada 100 atendidos e os resultados do teste de qui-quadrado foram p=0,209 entre DM e óbitos, e p=0,024 entre HAS e óbitos. O não uso de medicamentos pré-trombólise e de trombolíticos, ambos preconizados pelas diretrizes de cardiologia, resultaram no encaminhamento para atendimento em cidades mais distantes. Alterações fisiológicas que agravam o quadro do paciente estão entre as consequências dessas limitações. Assim, constatou-se maior número de casos de IAM do que AVC; maior incidência e probabilidade de ocorrer IAM nos indivíduos não expostos ao DM e expostos à HAS, e maior incidência e probabilidade de ocorrência de AVC nos indivíduos expostos ao DM e não expostos à HAS. Infere-se a associação entre a comorbidade HAS e a ocorrência de óbitos, que a taxa de letalidade é quase o dobro se comparada à de uso do trombolítico e que os maiores impactos observados decorrem de limitações quanto às intervenções indicadas pelos protocolos do Sistema Único de Saúde (SUS).Palavras chave: acidente vascular cerebral; atendimento de urgência; infarto agudo do miocárdio; terapia trombolítica; acesso à terapia.