Recebido em 17/4/09; aceito em 20/8/09; publicado na web em 8/1/10 BIOCHEMICAL MODIFICATION OF MILKFAT. Recent advances for improving physicochemical and nutritional properties of lipids are reviewed, with emphasis on products attaining by biochemical processing of natural fats and oils. Enzymatic interesterification provides an important route to modify physical and nutritional properties of milkfat without generating trans isomers. This process makes use of lipases, a versatile class of enzyme that is able to perform efficiently the target modification in both solvent and solvent free systems. The present review covers important features of lipases, lipase-catalyzed interesterification reactions and their effects on the composition and texture of the resulting product.Keywords: milkfat; lipase; interesterification.
INTRODUÇÃOAs exigências do consumidor por produtos mais saudáveis, associadas às novas descobertas científicas sobre os efeitos na saúde humana de diversos alimentos, tradicionais ou desenvolvidos mais recentemente pela indústria, têm motivado a busca por processos adequados à produção de alimentos com características específicas. Entre eles, os óleos e gorduras modificados têm recebido especial atenção, graças à importância do consumo adequado dos mesmos na dieta visando a promoção e manutenção da saúde. Destaque pode ser dado aos novos conhecimentos sobre os efeitos metabólicos das gorduras saturadas e dos isômeros trans presentes em manteigas e margarinas.A introdução dos ácidos graxos trans em quantidades considerá-veis na dieta humana pode ser identificada com o desenvolvimento do processo de hidrogenação parcial de óleos vegetais para fabricação de margarinas ou shortening.1 Este processo consiste na inserção de átomos de hidrogênio às duplas ligações dos ácidos graxos presentes em óleos, obtendo-se produtos sólidos ou semissólidos com maior estabilidade em relação à oxidação e prolongando o tempo de prateleira. Os ácidos graxos trans são praticamente inexistentes em óleos e gorduras de origem vegetal não-refinados, entretanto estão presentes em pequenas quantidades em produtos derivados de leite e em outras gorduras de origem animal, devido à hidrogenação biológica no estômago dos ruminantes.3 As gorduras parcialmente hidrogenadas são as fontes principais destes ácidos, sendo encontradas em vários alimentos processados, como tortas, margarinas e produtos de panificação, 3,4 contribuindo com cerca de 80 a 90% de todos os isômeros trans ingeridos numa dieta alimentar normal. 3,5,6 Pesquisas têm mostrado que os ácidos graxos trans são tão ou mais prejudiciais à saúde do que os ácidos graxos saturados, principalmente no que diz respeito à elevação dos níveis de colesterol no sangue e, consequentemente, ao aumento do risco das doenças cardiovasculares.4,7 O consumo de calorias provenientes de ácidos graxos trans tem sido relacionado ao aumento da lipoproteína de baixa densidade (LDL -Low Density Lipoprotein), e à redução da lipoproteína de alta densidade (HDL -High Density Lipoprotein), no plasma,...