Dioctophyme renale é um nematódeo zoonótico que parasita os rins de carnívoros domésticos e silvestres no Brasil. Entre os cães têm maior prevalência em errantes, principalmente, por conta dos hábitos menos seletivos, tornando interessante o estudo com os mesmos. Animais que vivem em abrigos, geralmente apresentam histórico de viver em ambiente precário, acesso restrito à água limpa e alimento adequado e, em superpopulação, favorecendo a disseminação da dioctofimose. Por conta disso, este trabalho teve o objetivo de verificar a ocorrência do parasitismo por D. renale em cães de abrigos do município de São Mateus do Sul, estado do Paraná. Os animais foram transportados por uma Organização Não Governamental (ONG) até o Hospital Veterinário Escola para procedimento de ovariosalpingohisterectomia (OSH). Os resultados das análises hematológica, bioquímica e da urina foram comparados entre cães parasitados e não parasitados pelo teste t de Student e a idade foi avaliada pelo teste exato de Fisher (p≤ 0,05). Entre agosto e novembro de 2018, o abrigo encaminhou 38 fêmeas, sem raça definida para OSH e destas, três (7,89%) apresentaram ovos do parasito na urina. Um, dentre os três cães positivos para D. renale foi a óbito durante a cirurgia e na necropsia uma fêmea do parasito foi observada no rim esquerdo. A creatinina foi significativamente mais alta nos cães que apresentaram ovos do parasito na urina (p=0,015). Não foram observadas diferenças entre cães que apresentaram ou não ovos do parasita na urina em relação aos fatores: dosagem de ureia e de proteínas plasmáticas totais, hemograma, leucograma, análise física da urina, assim como idade (p>0,05). É possível concluir que em cães do município, principalmente, os de abrigos, os exames rotineiros de urinálise e dosagem de creatinina, mesmo naqueles aparentemente saudáveis, são importantes para um diagnóstico precoce de parasitismo por D. renale.