RESUMO -A compreensão do desenvolvimento do melanoma tem sido alvo de avanços importantes na última década. A relevância fisiopatológica das alterações genéticas na oncogénese do melanoma bem como a evidência do risco familiar associado têm condicionado de forma positiva o tratamento e prognóstico dos doentes, nomeadamente nos doentes com doença avançada. Neste artigo os autores descrevem de forma sucinta e esquemática as diferentes vias de sinalização celular, com importância na oncogénese do melanoma e que se encontram subjacentes à génese dos novos alvos terapêuticos presentemente em utilização e em desenvolvimento. PALAVRAS-CHAVE -Genes; Melanoma; Oncogenes; Transdução de Sinais.
Genes and Melanoma
ABSTRACT -Major advances have been made in the understanding of melanoma in the past decade. The pathophysiology of genetic aberrations in melanoma oncogenesis as well as the evidence of family risk associated, have relevant implications in the treatment and prognosis of patients, namely in patients with advanced disease. In this paper the authors describe, in a schematic and precise way, the different molecular pathways implicated in oncogenetic events in melanoma, which are the molecular targets of new on-going and newly developed targeted therapies. KEYWORDS -Melanoma; Genes; OncogenesSignal Transduction.
INTRODUÇÃOO cancro é uma doença do genoma, sendo a tumorigénese considerada classicamente o resultado da ativação de oncogenes e inativação de genes supressores tumorais.
1,2O melanoma maligno, tal como outras neoplasias comuns, tem aberrações cromossómicas frequentes e características que o distinguem de nevos pigmentados. Tipicamente os nevos melanociticos não têm aberrações cromossómicas ou têm um número restrito de alterações genéticas sem sobreposição às do melanoma. Dentro dos melanomas o risco de desenvolvimento da doença e os padrões de aberrações genéticas observáveis variam de forma dramática consoante o local anatómico, os padrões de exposição solar e a carga genética. 1,3 No que respeita à transmissão familiar da doença, cerca de 10% dos melanomas cutâneos têm história familiar, com pelo menos um ou dois familiares afectados. [3][4][5] Atualmente, com os progressos notórios em termos de reconhecimento de mutações e compreensão do perfil molecular das células tumorais do melanoma, há uma necessidade crescente de subdivisão genómica dos diversos tipos de melanoma. Desta forma, em 2015, a Cancer Genome Atlas Network propôs a classificação deste tumor de acordo com a mutação genética predominante, existindo assim quatro subtipos: BRAF mutado, RAS mutado, NF1 mutado e triplos selvagens ou wild type. Esta classificação poderá não só ajudar na compreensão dos diferentes comportamentos biológicos e clínicos dos diversos tipos de melanoma como criar uma forma útil e eficaz para avaliação dos doentes, com implicações terapêuticas importantes. 6 EPIDEMIOLOGIA Embora o melanoma corresponda apenas a 4% de todos os tumores cutâneos é responsável por 80% das mortes por neoplasias cutâneas.7,8 Segundo a American C...