RESUMO -Racional -A gastroplastia redutora à Capella, que combina técnicas restritiva e disabsortiva, é o procedimento bariátrico mais realizado no Brasil. Uma das complicações mais temidas desta operação é a fístula gastrocutânea que ocorre na linha de grampeamento vertical da neocâmara. O tratamento inicial consiste em drenagem adequada, suporte nutricional, bloqueio da produção de ácido e antibioticoterapia. Em 20% a 30% dos casos, a fístula tomará curso crônico. Nestes casos, vários tratamentos endoscópicos têm sido sugeridos. Objetivo -Descrever a técnica e os resultados do tratamento endoscópico das fístulas gastrocutâneas decorrentes de operações bariátricas através da aplicação de matriz acelular fibrogênica. Métodos -Nesta série de casos, descrevem-se 25 pacientes com esta complicação tratados de maneira pioneira através da aplicação endoscópica de matriz acelular fibrogênica. O tempo entre o diagnóstico da fístula e a primeira sessão do tratamento endoscópico variou de 4 a 25 semanas, mediana: 7 semanas). Resultados -Dos 25 pacientes, 20 (80%) tiveram a fístula fechada pelo método. Seis deles com uma única sessão (30,0%), 11 necessitaram de duas aplicações (55,0%) e 3 pacientes, de uma terceira sessão (15,0%) para a obliteração do trajeto fistuloso. Não houve complicações relacionadas ao procedimento. Conclusão -O uso de matriz fibrogênica para o tratamento endoscópico da fístula gástrica após operação de Capella é método seguro e eficaz, sendo sua principal limitação o número de sessões necessárias. DESCRITORES -Fístula cutânea. Fístula gástrica. Gastroplastia. Obesidade mórbida. Endoscopia. Matriz extracelular. Materiais biocompatíveis.
INTRODUÇÃOA gastroplastia redutora à Capella, que combina técnicas restritiva e disabsortiva, é o procedimento bariátrico mais realizado no Brasil e Estados Unidos ( 4,11) . A padronização dos tempos cirúrgicos, a perda ponderal média de 40% do peso inicial e a menor incidência de distúrbios eletrolíticos garantiram sua difusão entre pacientes e cirurgiões (9,10,16) .A despeito de toda a evolução da técnica e do material cirúrgico, mormente o emprego dos grampeadores lineares cortantes, ainda há morbidade e mortalidade relacionadas a esta operação bariátrica (3) .A fístula gastrocutânea, junto ao grampeamento do ângulo esôfago-gástrico, está entre as complicações mais freqüentes, diagnosticada em 0,5% até 8,4% dos operados, em diferentes séries. Também figura entre as complicações de difícil tratamento, por vezes exigindo reintervenções operatórias, com taxas de sucesso variáveis, acrescentando morbidade a enfermo freqüentemente com afecções cardiológicas, respiratórias e metabólicas (3) .O tratamento desta complicação envolve a reoperação com lavagem e desbridamento da região da fístula, exposição do local e ressutura, quando a reintervenção é precoce e a lesão favorável. A retirada do elemento de restrição, no caso o anel, é mandatória quando a deiscência ocorre acima dele, podendo haver dano aos resultados de perda ponderal em longo prazo. A redrenagem e gastrostom...