As oclusões coronárias crônicas (OCC) estão presentes em aproximadamente 15% das coronariografias, com taxas de sucesso das intervenções coronarianas percutâneas (ICP) entre 55 e 80%. Tem-se observado um aumento da utilização da via radial, inclusive em contextos mais complexos, como nas OCC. Objetivamos comparar o perfil e os resultados de pacientes com OCC submetidos à ICP pela via radial vs. femoral, e avaliar os preditores independentes de mortalidade hospitalar. Métodos: Foram incluídos dados do registro CENIC de junho de 2006 a março de 2016 de pacientes submetidos a tratamento de OCC, comparados de acordo com a via de acesso. Definiu-se a ocorrência de óbito, reinfarto ou revascularização de emergência na fase hospitalar como eventos cardiovasculares adversos maiores (ECAM). Um modelo de regressão logística foi ajustado para avaliação dos preditores de mortalidade hospitalar. Resultados: Foram incluídos 3.768 pacientes (radial: 905), com idade de 60,4 ± 11,0 anos, 68,4% do sexo masculino, perfazendo 3.799 procedimentos. O sucesso angiográfico foi semelhante entre os grupos radial e femoral (96,9% vs. 96,6%; p = 0,61), assim como os índices de ECAM (0,6% vs. 0,7%; p = 0,71) e seus componentes individuais. A via de acesso radial não teve associação com óbito (OR = 0,57; IC 95% 0,13-2,50; p = 0,46), sendo idade, sexo feminino, extensão da doença coronariana e utilização de inibidores de glicoproteína IIb/IIIa os preditores independentes de mortalidade hospitalar. Conclusões: Os índices de sucesso no tratamento de OCC foram excepcionalmente elevados e semelhantes entre os grupos. Os índices de ECAM hospitalares foram baixos e também similares, e a via de acesso não teve associação com a mortalidade hospitalar.