A natureza das infecções após transplantes de órgãos sólidos mudou, significativamente, com o advento de potentes esquemas imunossupressores, o uso rotineiro de profilaxia antimicrobiana e os avanços das técnicas de diagnóstico microbiológico. Novos patógenos estão sendo identificados nessa população, incluindo vários com significante perfil de resistência a antimicrobianos. A cronologia das infecções após transplante é determinada pela natureza e intensidade das exposições epidemiológicas individuais e do estado de equilíbrio da imunossupressão. A escassez de estudos epidemiológicos das infecções pós-transplantes de intestino e multiviscerais ainda mantém sua compreensão mais no estado da arte do que como ciência. O objetivo deste estudo é descrever os dados epidemiológicos das infecções bacterianas pós-transplantes de intestino e multiviscerais. Os agentes mais prevalentes nos transplantes de intestino e multiviscerais foram: Enterococcus spp., Staphylococcus spp., Streptococcus spp., Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli, Enterobacter spp. Os principais sítios de infecção foram: sítio cirúrgico, intra-abdominal, corrente sanguínea, cateter venoso central, urinário e respiratório. Os fatores de risco identificados foram: rejeição aguda, dose alta de imunossupressão, uso de dispositivos invasivos, cirurgias extensas e reoperação, enxerto contaminado, infecção prévia e paciente hospitalizado no período pré-transplante.